Agosto 2010

850g de diferença…

por Telmo Nogueira » 27 ago 2010, 02:15

Depois de uns dias valentes (que mais pareceram uma eternidade) em casa a fazer a recuperação de uma lesão, decidi ir pescar. Telefonei ao meu companheiro de pesca, o Paulo, a dizer que iria no dia seguinte e a contar-lhe que tinha ido à praia para ver se estava apto a caminhar na areia e que tinha assistido à captura de 2 robalos ao spinning.

A resposta do Paulo não se fez esperar:
– A essa hora estava eu a dar neles… Estava cansado e a precisar de pesca. Como tinha o material no carro fui directo à praia mais próxima e dei com eles, e não são maus… “Então amanhã é para lá que vou!” Respondi eu já que os peixes que tinha visto sair eram peixes para cerca de quilo… Como era tempo de férias e a família estava em casa, toca a irmos todos para a praia. Apesar de cedo, visto que a maré era apenas de tarde, aproveitei a manhã para fazer um reconhecimento à praia.

O mar era bom para o efeito, águas não muito limpas o que para a falta de ondulação ajudava e bastante, e uma coroas que convidavam o peixe a aproximar-se da areia atrás das pequenas muges que as povoam sempre que a temperatura da água sobe.Depois de uma manhã de sol e de uma boa leitura, eis que vejo o Paulo, que se tinha libertado do trabalho mais cedo, a chegar com mais 2 colegas nossos tal como já me tinha avisado. Toca a pegar na cana, preparar outra para o meu filho e lá fomos os 5 para o pesqueiro que já dava ares de estar com água suficiente. Estávamos os 5 a lançar as amostras quando o Neca ferra o primeiro. Era um peixe não muito grande, mas já era sinal de que eles já andavam por ali…

Como ainda era cedo, eu e o meu filho fomos mais para norte para “bater” um pesqueiro que tinha identificado de manhã… mas o Bernardo é teimoso… e não ficou por ali… e quando o nevoeiro caiu, ele deixou de me ouvir a chamá-lo, e tive que o ir buscar. Depois de mais de meia-hora de caminhada, voltamos ao ponto de partida já que o peixe não dera sinal de entrada.Quando chegamos ao pé dos nossos colegas já tinham saído mais 4 robalos, 3 para o Paulo e um de 3,0Kg para a estreia do Lino ao spinning no mar.

De repente o Bernardo engata um! Ele gritava de excitação! Parecia um miúdo de 11 anos com a alegria do primeiro peixe de tamanho… e de facto era! Era o primeiro Peixe com “P” que o meu filhote engatava sem ajuda do pai… Mas já tinha que ser… o peixe desferrou não antes de lhe dar um gozo tremendo… O já bastante frio que se fazia sentir fê-lo esquecer daquele belo momento e “atirou-o” de encontro à mãe no abrigo de um pára-vento…

Os 4 “valentes” lá ficaram a lançar amostra atrás de amostra na esperança que os robalos voltassem à carga das pequenas muges que por ali andavam.Já com as pernas a tremer, pois o nevoeiro e o vento gelado tinham chegado para ficar, assisto ao longe à “retirada estratégica” da família em direcção ao carro… estavam vencidos… mas nós não!! O Paulo ferra outro e as muges agitam-se com a presença do que esperava-mos ser uns bons robalos! Algumas davam saltos fora de água afugentadas como que a fugir da água que escaldava… Até que num lançamento como outros tantos… ZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzz “Ferrei um!” ,digo eu a viva voz já com o sangue a aquecer o corpo enregelado!

A “pancada” tinha sido de uma violência nunca antes sentida e o carreto não dava sinais de abrandar a correria desenfreada do “diabo” que estava do outro lado a puxar… o carreto cantava alto e a bom som e a bobine começou a ficar com pouca linha…e a cana sempre a trabalhar… Depois de uns 2 minutos abrandou…era a altura para tentar “sentir” melhor o que estava para ali a puxar. Fecho mais um pouco a embraiagem e começo a puxar lentamente com a cana para o trazer à superfície. Mas ao contrário do que é normal… voltou a puxar linha como se fosse a primeira vez. ZZZZZZZZZzzzzzzzzzz Com o carreto já mais apertado, a linha a continuar a sair da bobine e o peixe não dar sinais de querer vir à superfície comecei a duvidar se seria um robalo pois pelas descrições realizadas aqui no PcA, este ataque assemelhava-se mais a um ataque de uma “burra” normalmente encontrada bem mais para Sul… Pensei efectivamente que se tratava de uma corvina!!

Nesta altura, já todos tinham parado de pescar para assistir a tamanha luta! Quando comecei a recuperar linha, assegurei que era um peixe bom e já o Paulo estava preparado com o seu novo Grip tipo pistoleiro à borda da água… As cabeçadas nesta altura eram inexistentes e comecei a questionar porque não aparecia o peixe à superfície. E foi então que o vi! E é nesta altura que eu gostaria de vos dizer que foi uma sensação extraordinária quando o vi, mas a verdade é que fiquei triste! Não pelo peixe que era sem dúvida um recorde, mas pela maneira como acabei por ferrá-lo.

A verdade é que todos sabemos que muitas das vezes os predadores “atordoam” as presas com uma pancada com a barbatana caudal antes de as devorarem, mas a verdade é que não é essa a maneira com que queremos que ataquem as nossas amostras… se é que foi assim… Depois dos últimos sustos na rebentação, o robalo acabou por ceder ao Grip do Paulo. E foi assim a minha captura recorde por 850g, pelo rabo… Não é de envergonhar, mas não me parece “valer” as horas dedicadas a esta técnica que tanto prazer me tem dado… Falta apenas dizer que este robalo pesava 6,0Kg e que bati o meu recorde pessoal por 850g.

Boca para apanhar muges…

telmo_nogueira_robalo_6kg_2

Resta dizer que o material foi o do costume…
Cana: Hart Bloody 10 – 3,0m 15-45
Carreto: Shimano Twin Power 4000FA
Linha: Multifilamento Power Pró 0,15 mm
Terminal: Fluorcarbono Sasame 0,35mm
Amostra da captura: Lucky Craft FlashMinnow 130 MR Aurora Black

Telmo Nogueira