Maio 2015

Em 3 actos

por André Machado» 17 mai 2015, 15:12

ACTO 1º

Relatos de pesca sem vídeos tem sido raros por estes lados. Relatos de pescarias no mar idem. Grades sem fim é uma das causas para a 2ª frase. Este ano vinha sendo fraquíssimo em termos de capturas de robalos, no seguimento de um ano de 2014 igualmente fraco. Este ano no currículo tinha apenas um robalo kileiro e dois mikis do tamanho de trutas de ribeiro J, devolvidos claro. Pois bem, as coisas parece que repentinamente mudaram. E é isso que vos venho relatar. Combinei uma saída com o Tozé. O objectivo era o mesmo de dezenas e dezenas de vezes. Fazer o fim da tarde e inicio da noite, com o virar da maré. Atrasamo-nos um pouco à conversa com alguns colegas da borracha que comentavam só terem saído um par de peixes pequenos. Munidos dos nossas Lateos e dos nossos Certates e, apostando nos vinis para variar, lá começamos. Passado pouco tempo, e já de noite, o Tozé diz que sim. Estava ali o primeiro, um peixe já de bom tamanho, que deu uma luta engraçada dada a força do mar. Deveria ter perto do 1,5kg.

Animados pela captura, pensamos logo que andassem por ali. Mas naquele local era filho único. Viramos mais a sul para um pesqueiro que já nos deu várias alegrias e varejámos durante um bom pedaço. Mas a maré ainda não tinha descido o suficiente para chegarmos ao local do crime J. Passado pouco tempo, e já com a maré permitindo pescar onde queríamos, um guloso quis um shot de tequila e pimbaaaaaa, toca de me por à prova. Uma cabeçada e cana toda vergada. Percebi que poderia ser um bom peixe mas não imaginei. Repentinamente, o japonês começa a assobiar, zzzzzzzzzzzzzzz e mais zzzzzzzzzzzzzzzz e mais zzzzzzzzzzzzzz e mais…..caneco, era bicho de respeito certamente. O mar estava forte e foi complicado. A noite escura não deixava ver o peixe. O tozé lá me ia dando indicações. Mantive-me calmo. Momentos antes da captura tinha pedido aos céus um peixinho “engraçado” e estava ali a resposta. A cana e carreto respondiam à altura e passado uns minutos diz o Tozé quando o peixe lhe bate nas pernas: “O que é isto pah??!!!! até me assustei” J. Que grande bicho!

Era um animal imponente. Um robalo lindo, enorme, com uma cabeça e lombo enormes, peixe para mais de 6kg. Eu só dizia: “O que é isto?, Que grande bicho!!!!! “ Entrou num vinil Bexafish Kay Tequila Sunrise, para variar. Confio muito neste vinil para pescar de noite. Esta cor é a que mais capturas me tem dado mas também é a que uso mais J. Fiquei muito feliz com esta captura. Desde Agosto do ano transacto que não tinha uma captura de alguma dimensão. E soube mesmo bem. Com a confiança em alta lá continuámos já na companhia do André Rodrigues e do Alexandre. Repentinamente o Tozé dá de novo sinal e novamente um bom peixe! Dizia ele: “É dos grandes, é dos grandes!”. Realmente a cana toda vergada e o carreto a assobiar confirmavam-no. O peixe tinha força e carregou para sul, o Tozé já não via nada nem ouvia ninguém. Só o peixe lhe importava J. Quase que ia entrando dentro do mar atrás do peixe tal era o entusiasmo. Bom, depois de “subir e descer pela areia” varias vezes lá conseguiu guiar o peixe aproveitando uma onda para o colocar a seco. Era de facto mais um exemplar de respeito. Ligeiramente menor que o peixe anterior mas um peixe espectacular também. A cor Tequila Sunrise continuava a dar frutos ;

toze robalo 1

andre robalo 1

trio robalos

toze_andre_robalos

ACTO 2º

Outro dia de temperaturas amenas. Chegamos ao pesqueiro animados pela pescaria anterior. A maré estava ainda baixa e a malta do corrico inundava os pesqueiros. Relatos de peixe entre as 500gr e o kilo estavam a ser constantes e quase todos os “borracheiros” faziam os seus peixes, alguns um pouco abaixo do que seria, ou não, expectável. Não tínhamos pressa e então andamos devagar, falando com alguns amigos que por lá estavam. Alguns peixes nas redes confirmavam o que já sabíamos. Andamos de um lado para o outro até pararmos num pesqueiro de muito sucesso para nós na baixa-mar. Estava lá um amigo da borracha que tinha um par de peixes e que nos cedeu amavelmente o lugar. Por ele, aquele pesqueiro já tinha dado o que tinha a dar. Agradecemos e começamos. Mas nada aparecia. O Tozé insistiu naquele local mas eu fartei-me e fui mais para norte. Ao chegar a outro pesqueiro reparo num senhor a corricar com um peixe ferrado. Aproximei-me para ver e já la estavam o André e o Alexandre. O André tinha acabado de chegar mas o Alex já la estava e já tinha 2 ou 3 peixes. Vi o outro senhor fazer 3 lançamentos e capturar 3 peixes (!!!). Upa, eles estavam ali!! O André começa a lançar e peixe ferrado também. Mas ali estava uma multidão (3) e mudei de sitio mas continuando a ter aquela malta em mira J. As capturas continuavam a um ritmo alucinante, via eu já mais ao longe.

Estava mais a norte perto do Sr.Augusto, senhor de idade amigo da maior parte dos spinners dali, e de outro companheiro que corricavam e já tinham alguns peixes também. O pessoal da borracha dominava. Andava por ali muito peixe e a razão era simples. Um cardume de petinga tinha encostado e viam-se algumas mortas na areia. Mas o cardume estava longe e eu com os meus vinis não sentia nada. O Sr. Augusto diz-me. “Pah, vocês para apanhar peixe têm que por uma cana a serio e uma boia de água. Assim não vão lá” J. Ri-me para dentro e pensei para mim: “vamos ver se apanho peixe ou não” J. De imediato coloquei uma amostra voadora. Uma amostra com a qual nunca tinha feito qualquer captura. Um chivo artesanal espanhol. O lançamento com esta amostra não fica nada a dever à distancia de lançamento do corrico, especialmente da boia de agua. E ao 1º lançamento tinha um peixe a bater do outro lado!!! Muito bom, parecia desígnio dos céus. E se calhar era.

Estou a trabalhar o peixe e o Tozé está a chegar. Entretanto a malta da borracha ainda facturava mas a menor ritmo. Eu também não tinha mais nenhum toque. O peixe estava a mudar a sua posição. Entretanto o Tozé já pescava a meu lado e em 10 min tinha o 1º dele. Um peixe engraçado tinha entrado num Fiiish Black Minnow branco de dorso amarelo. O peixe parecia ter-se aproximado com o entrar na noite e a subida da maré. Mudo também para um BM mas na cor Laranja Amarelo e passado uns minutos tenho outro peixe, irmão gémeo do outro que tinha pescado;). Peixe não muito grande mas lutador. Neste espaço de tempo. tanto eu como o Tozé perdemos um peixe cada, mas não desmoralizamos e o Tozé ainda fez outro peixe que seria o maior da noite para nós. Entrou também num black minnow! Estávamos satisfeitos e cansados também e, por isso, era tempo de ir embora. Soubemos depois das capturas da malta da borracha. Muito robalo saiu num espaço de 100/200 metros. Bendita petinga!

andre robalos 2

toze robalos 2

toze andre robalos 2

ACTO 3º

Mais um dia desta vez com a moral em baixa…hahaha. Claro que não!!! Moral altíssima depois de duas idas seguidas com boas capturas. Mais uma vez a dupla dinâmica! Desta vez fomos na preia-mar fazer o baixar da maré. Pesqueiros com muita mas mesmo muita areia. Quase irreconhecíveis. Não sou daqueles que desanimam e que se lamentam quando os pesqueiros têm muita areia. Bons peixes já apanhei em areia e assim vai continuar. Começámos lado a lado. Lançámos ao mesmo tempo e ao mesmo tempo ficou preso! Rede!!! Caneco!!! Mas consegui soltar e rapidamente sai dali. Fui mais a sul e passado um par de minutos pimbaaaa, cana vergada! Este desde logo fez muita força, dava boas cabeçadas e fazia o Certate cantar. Oh que belo som! Disse ao Tozé que tinha peixe, enquanto ele fazia nova montagem do vinil perdido na rede. Perguntou-me se era um peixe bom. Como não lhe disse nada não teve pressa e lá me aguentei sozinho a trabalhar o bicho. Passado mais uns segundos e não tinha divida. Era peixe de respeito. Entretanto chega o Tozé e diz: ”é peixe bom, é cabeçudo!” Seria sim, pelo menos fazia muita força e dava violentas cabeçadas!

Como era uma zona com muita areia e com alguma inclinação, a escoa da onda não era muito alta. Ou seja, a agua que vinha não teria mais que 30 ou 40 cm de profundidade. Aproveitando uma escoa consegui trazer o peixe que não se via, apesar de alguma luz presente. Não tivemos tempo para pensar quando um safio comprido se mostra!!! Uiiii! Desta não estávamos à espera!! Um safio ao spinning. Ficamos ali um bocado sem saber o que fazer!!! Que coisa feia!!! Obviamente ninguém lhe pôs a mão. O Tozé puxou pela linha enquanto o bicho tentava comer a mão de alguém que se descuidasse! Caneco. Era um peixe comprido, com mais de um metro! Vinil totalmente destruído com uma captura “estranha”. Perguntei ao Tozé se aquilo se comia e ele disse que era bom. Vamos lá experimentar então. La continuamos mas nada mais apareceu. Durante mais um par de horas varejamos e varejamos mas nada. Tentei de tudo, o mar estava algo forte e pensei em pôr um vinil que, apesar de apenas por uma vez me ter dado um peixe e que por acaso se desferrou mesmo ali à beirinha, tenho muita confiança nele.

É um vinil muito encorpado com um formato de cauda grande que faz uma tracção muito grande na agua e que se sente como nenhum outro que eu tenha. É um Delalande tipo shad, de cor mullet, equipado com cabeçote Xorus de 28gr. Passado 3 ou 4 lançamentos, e fazendo o vinil nadar em diagonal, num caneiro com essa posição em relação à costa, tenho nova pancada forte!!! Pensei logo se não seria outro safio hehehe! Naaa, era coincidência demais J. Mas era um peixe de respeito, mais um!! Fez força, levou linha, foi a sul tentando passar o caneiro para o lado, apertei com ele, fi-lo inverter a marcha (ou apeteceu-lhe J) e voltou à sua posição original. Passado um par de minutos ali estava ele com o vinil bem ferrado dentro da bocarra. Concordamos que seria peixe com mais de 3,5kg (estávamos enganados)! Animados por esta captura continuamos a varejar a ver se o pai ou avô por ali andavam, mas nada. O Tozé voltou a norte pendurado numa pedra e eu mantive-me perto dali. Entretanto a maré baixou e já tinha pouca água. Não sentíamos nada e pensei, talvez ande peixe mais longe e coloquei o lançador chivo com pelo vermelho. Ao 2º ou 3º lançamento e já bem perto da costa tenho um ataque de um peixe lutador mas que não deu muito trabalho. Vinha certamente a perseguir a amostra lá de longe. Era peixe kileiro com cerca de 45cm.

Tinha avisado o Tozé, que voltou para ao pé de mim. Colocou também ele um chivo mas não mais sinal deles. Entretanto perdi o meu chivo e coloquei uma zagaia com um atrelado de pingalim vermelho e ferro outro peixe kileiro que, aproveitando o meu relax total, se pôs a milhas quando já estava quase a seco J. Nada que me aborrecesse. Já tinha um belo dia/noite de pesca. O Tozé é que ainda não tinha tido sorte.
Entretanto coloca um BM e consegue ferrar um que para azar se desferrou também aos pés. Não era o dia dele J. Mas já foram muitos os dias dele e vão continuar a ser.

safio 1

safio 2

vinil desfeito

andre robalo 3

FICHA TÉCNICA:

Canas: Daiwas Lateo 96M
Carretos: Daiwas Certate 3012h
Linhas: Power Pro Super8Slick 0,19 e Sufix 832 0,18
Peixes:

Acto 1º
Robalos com:
1500gr e 53cm (com Fiiish BM 120 Laranja/Amarelo cabeçote 25gr)
6950gr e 90cm (com Bexafish Kay Tequila Sunrise/cabeçote KL 27gr)
5050gr e 80cm (com Bexafish KBX Tequila Sunrise/cabeçote KL 27gr)

Acto 2º
Robalos com:
1350gr e 50cm (com Chivo artesanal Espanhol 45gr pêlo vermelho)
1500gr e 54cm (com Fiiish BM 120 Branco/Fluor)
2500gr e 64cm (com Fiiish BM 120 Branco/Fuor)
1350gr e 50cm (com Fiiish BM 120 Laranja/Amarelo)

Acto 3º
Safio 4700gr e 120cm (com Bexafish Kay Tequilla Sunrise)
Robalo com 5000gr e 83cm (com Delalande Shad Mullet/Xorus 27gr)
Robalo com 950gr e 45cm (com chivo artesanal 45gr pêlo vermelho)

Pescadores: André Machado e Tozé Matos

É assim o Spinning de Costa, em apenas 3 actos o figurino muda totalmente!!! Acreditem sempre, pois qualquer dia pode ser o vosso dia!

Boas pescas a todos, sempre com consciência!