Os sentidos do robalo…e os nossos sentidos

O que será mais importante numa amostra, porque escolhemos esta e não aquela? Será a sua cor; É a sua forma; Serão os sons que produz; É o seu aerodinamismo e a sua capacidade de lançamento; Será o seu trabalhar; É já uma amostra com provas dadas; Ou é simplesmente porque apenas gostamos dela? São realmente muitas perguntas sem uma só resposta, mas vamos tentar:

A sua cor – Cada vez penso mais que as cores não são tão importantes assim para o robalo. Nós exacerbamos a cor, para o marketing da marca da amostra deve ser um dos factores fundamentais, não para o peixe. Quem compra é o pescador não é o peixe, e o marketing das marcas tende a “sugerir” a venda pelo lado da imagem; da beleza; dos efeitos da amostra. Esta é uma verdade de “La Palisse” – qualquer técnico de vendas sabe-o. De facto, os robalos possuem uns órgãos na retina dos olhos (cones e bastonetes) que sugerem a possibilidade de ele conseguir discernir algumas cores, não todas as cores do nosso espectro, mas algumas cores, talvez mais esbatidas, mais lavadas, isto em determinadas condições de visibilidade na água. Ora, a conjugação destes sentidos, é que será mais pertinente analisar, então comecemos:

robalo olho

Olhos – Normalmente são grandes, laterais e sem pálpebras, provavelmente apenas capazes de focar com precisão objectos próximos mas que percebem facilmente movimentos distantes, incluindo acima da superfície da água. A retina contém cones e bastonetes, o que permite visão a cores na maioria dos casos;

Os Ouvidos – Com três canais semicirculares dispostos perpendicularmente uns aos outros (funcionando como um órgão de equilíbrio, portanto, tal como em todos os vertebrados superiores), permitem uma audição apurada, até porque o som se propaga bastante bem dentro de água. Muitos peixes comunicam entre si produzindo sons, seja esfregando partes do corpo entre si, seja com a sua bexiga-natatória.

As Narinas – Localizadas na parte dorsal do focinho, comunicam com uma cavidade coberta de células sensíveis a moléculas dissolvidas na água, daí a sua capacidade de percepção do mais pequeno odor.

A Linha lateral – Localizada longitudinalmente ao longo do flanco do animal, é composta por uma fileira de pequenos poros, em comunicação com um canal abaixo das escamas, onde se encontram mecanoreceptores. A eficácia deste sistema para detectar movimentos e vibrações por ele causadas na água permite a formação de cardumes, fundamental como estratégia de defesa destes animais.

cardume

Não é por acaso que em cardume, os peixes se deslocam sincronizadamente, como se fossem um só. Cada um segue paralelamente ao seu vizinho, e mantém a sua posição devido à acção da visão, audição e linha lateral. A cor prateada da maioria dos peixes que fazem cardumes é fundamental pois ajuda a detectar os movimentos uns dos outros (uma pequena mudança de direcção produz uma grande diferença a nível da luz reflectida). Daí as cores prateadas, niqueladas serem muito usadas no spinning com amostras, em virtude da sua capacidade de reflexão da luz.

A sua forma – É um outro factor importante, a sua silhueta tem de ser adaptada aos peixes-presa existentes na zona e servem os robalos. É por isso que os Vinis, são muito utilizados noutros países! Haverá alguma amostra que imite tão bem um peixe-presa como o Vinil? Claro que não há.

shad

Por isso são muito utilizados por pescadores de outros países que estão uns anitos à nossa frente na prática do Spinning com Amostras Artificiais. Se bem que seria também injusto dizer que em Portugal não se utilizam, utilizam-se muito e cada vez mais e com muito bons resultados. É realmente um mundo ainda por descobrir da maioria dos Spinnista Portugueses as potencialidades das amostras de vinil (“softbaits”), que têm ainda a particularidade de serem ainda muito mais baratas do que as chamadas “hardbaits”.

O som – O som que a amostra produz é muito importante, mas será que o é para o peixe? Sem dúvida. Os sons são diferentes e soam de forma diferente na água. Se nós tivermos o cuidado de produzir e gravar o som de algumas amostras no computador, e depois com algum programa de áudio, mesmo desses gratuitos da Internet o “analisarmos” melhor, ficamos espantados com as suas diferentes características e sonoridades. O robalo é um peixe predador e curioso, que no seu campo de acção está atento e sempre pronto a caçar e o som ajuda-o a encontrar, ou a guiar-se até à nossa amostra se as águas estiverem muito tapadas. Não é por acaso que a SuperSpook (um charuto tão feio e antigo), é uma amostra tão efectiva, é que ela tem um rattling tão grave e tão bom que vai buscar ou incomodar robalos mesmo entocados e a grandes distâncias, que saem para investigar de onde vem esse som.

O seu aerodinamismo e a capacidade de lançamento – A sua importância são um pouco relativos; de que adiantará chegar longe, se depois a amostra não tem qualidades para enganar o peixe, é um contra-senso.

O seu trabalhar – Será com certeza, um dos factores mais importantes a ter sempre em conta, é certamente um dos aspectos mais diferenciadores das amostras. Encontrar o trabalhar ou a cadência certa para motivar o ataque, é o clímax do spinning. Quando trabalhamos conscientemente um passeante pela superfície, simulando um peixe ferido e provocamos o ataque do robalo, ou quando movemos um minnow como um peixe perdido, afastado do seu cardume e provocamos o ataque do nosso amigo robalo, então passamos a um estágio superior no Spinning – começamos a entender os porquês e a apaixonamo-nos por esta espectacular modalidade.

É já uma amostra com provas dadas – Sim, para quem começa é uma excelente forma de poupar muitos euros e começar a praticar o Spinning com amostras que outros já revelaram eficazes, depois só temos de aprender a adequar “essa amostra” às condições de pesqueiro, de equipamento e de pesca.

Porque gostei dela – Também, claro, se eu não tivesse gostado da amostra, não a teria comprado. E só porque eu gostei da amostra é que a trabalharei com ênfase e gosto e sempre na expectativa de conseguir enganar um robalo. Se não gosto da amostra dificilmente conseguirei capturar algum robalo, pois não colocarei nessa amostra todo o empenho necessário e assim dificilmente conseguirei os meus intentos.

A pesca de Spinning ao Robalo com Amostras Artificiais, é um mundo de perguntas e não de respostas. Á medida que vamos adquirindo experiência, são mais as perguntas que fazemos do que as respostas que encontramos. Quem pensa que tem as respostas todas está redondamente enganado.

A Administração.