por João Rico » 13 jan 2013, 00:58
Há dias assim, dias que nos perdurarão na memória para sempre, uns por razões menos boas, mas este foi daqueles dias mesmo felizes, que nunca mais esquecerei. Na passada madrugada dizia-me a minha mulher, se podia colocar as brasas a arder quando fosse para a pesca, respondi que o mais certo seria não apanhar nada, como de costume, mas que nada mais gozo me dava que ir pescar, sobretudo com esta malta que se tem encontrado por Peniche. Dizia que basta ir pescar, basta estar concentrado no mar, na cana, no carreto e na malta, para dar aquelas horas por muito bem empregues, no entanto, ontem, não sei bem porquê, senti que o mar como estava teria de dar peixe. Não estava à espera que fosse a mim. Bom, mas vamos lá então ao relato…Eram 6.48h e já o Eduardo me mandava uma mensagem a dizer que estava a caminho de Peniche. Eu ainda tinha que operar a grua para me levantar, por isso demorei mais um pouco, mas pelas 7.20 já estávamos os dois prontos para iniciar a nossa jornada. Mais tarde, juntar-se-ia o José Belo e o Gonçalo Perpétuo (A grua deles é mais lenta. Entre preparar as coisas, passam vários carros por nós, com pescadores de corrico, e eu a pensar para mim próprio…eles andam aí pois isto atraiu a fina flor! Só espero que não nos roubem o spot, pensava também.Caminhámos em direcção ao pesqueiro, e depois de lá chegar, bem ao nível do mar, deparamo-nos com um mar de vaga muito grande, repleto de espumeiro, que pelos intervalos das ondas borbulhava de um fundo verde escuro. Fora do espumeiro um mar verde bem carregado, nas zonas de maior profundidade. Era ali que tínhamos de ficar.!!!!
Começamos então….ambos munidos de zagaias. Do modo que o mar estava, com vagas enormes a rebentar fora, à direita onde pescávamos, era imperativo lançar na diagonal à direita, de modo a que a onda trouxesse a zagaia para a nossa frente à medida que íamos recolhendo. Ao quarto lançamento, um lançamento longo, deixo a zagaia cair e sem recolher um milímetro, durante os primeiros segundos, esperei que o mar a trouxesse um pouco. Mal começo a recolher, pimba, a zagaia estava presa. Fico em brasa pois era o pingalim vermelho que tinha sido oferecido no Encontro da Polvoeira. De repente, do nada, a cana dobra, e com duas cabeçadas enormes, começa o cântico glorioso do Biomaster SW….zzzzzzz e mais zzzzzzz. Por esta altura já tremia nas pernas, no coração, nas mãos, era uma tremideira global. O que não tremia era a cana que coitada não tinha descanso e o Carreto, que cantava a bel prazer. O meu tio, que estava a uns 100m gritava CALMA!!! e apressadamente vinha até nós.
Eu continuava concentradissimo, em puxar o peixe, com a certeza porém de que estava a ficar mais depressa cansado do que o a peixe. Ahhhh finalmente dá o primeiro sinal e quando vejo a barbatana, ainda a uns bons metros, ainda fico mais nervoso….o peixe é grande dizia. O Eduardo estava pronto, com o seu gripe, e eu ainda no bailado. Ele puxava para lá e eu para cá. Agora, embora cansado, já estava a ganhar a batalha ao animal e começo então a chega-lo para perto de mim. Agora o problema tinha a ver com as vagas, que estavam a vir junto de nós, bem perto da linha de rochas onde pescávamos. Se uma delas apanha o animal, vai-se tudo. Mas acabou por ser uma vaga que o trouxe para muito perto à mercê do Eduardo, que prontamente finalizou a batalha. Aí estava o meu primeiro robalo ao Spinning. Que emoção, fiquei mesmo muito emocionado quando o Eduardo levanta e vejo um belo exemplar que mais tarde veio a pesar 5050gr.
Ainda em “estado de choque” voltámos ao carro para deixar o robalo, quando vimos que o José Belo tinha acabado de chegar. Já perto dele, quando ele nos viu não me posso esquecer do sorriso dele, de alegria por trazermos aquele exemplar, outra vez fiquei emocionado, já que também o Eduardo se mostrou regozijado com o peixe que levantou. Temos grupo….. Voltámos então os três novamente para a pesca, à qual se juntou o Gonçalo. neste “segunda” acabei por eprder a zagaia que tanto estimava. Coloco desta vez um raglou vermelho (imaginem) e num dos lançamento, a recuperar, novamente a cana a vergar. Só que deta vez tudo era diferente, as cabeladas mais suaves, um cantar mais tímido, mas não podias acreditar que estava novamente com um robalo na outra ponta. Agora, mais calmo, trouxe-o devagar sem pressas, mas o sacola teimava em ir para onde não o queria. Novamente pedi ajuda ao Gonçalo, que o tentou tirar, quando aos nossos pés, desferrou-se e disse-nos adeus. Teria perto de 2 kilos. Nada de mal vinha ao mundo, o meu dia estava já preenchido pela emoção do anterior. Fica retida a batalha que tive com ele. Desejo que fique muitos mais anos, que dê muita prole, até terminar, ou não, na ponta de outra cana. Deste ultimo episódio lembro o meu to, verdadeiramente furioso, a “pôr-me de castigo” por termos perdido o peixe. Outras mentalidades, é certo, mas mais certo é que o meu sorriso, a minha alegria, essa não estava de pedra e cal. O José Belo filmou esta captura falhada, em vídeo, que mais tarde colocarei aqui.Agora, falta aqui deixar a minha sentida homenagem a meu Pai, a quem dedico esta captura. Com toda a certeza que ficaria extremamente orgulhoso de este feito simples, mas que ele compreendia como ninguém, até porque foi ele que me deixou desde bem cedo este bichinho pela pesca. Este meu primeiro Robalo ao spinning é dedicado a ti Pai. Também, não posso deixar de fora, este grupo maravilhoso que me tem acompanhado todos os dias nestes últimos tempos, que é o PCA, com especial destaque, e perdoem-me esta distinção, aqueles que com esforço pessoal e familiar, têm vindo a Peniche sempre que podem, mesmo com os quilómetros que têm de fazer. Só mesmo um sentido de amor genuíno, pela pesca, garante um convívio e uma amizade puras. A vós, meus caros amigos, o meu profundo agradecimento.Hoje deito-me feliz!!!!!!
Cana: Shimano Speedmaster 3,00 AX Power Game
Carreto: Shimano Biomaster 4000SW
Fio: Sufix 832 .20
Amostra: Zagaia com Pingalim Vermelho (E eu a pensar que os robalos de Peniche eram machos….. afinal tb há fêmeas….risos
Captura: Robalo com 5,05Kg