por João Mota » 13 mar 2015, 04:11
Boa noite rapaziada! Venho com mais um post, este é “mais ou menos” o seguimento do post “Em busca do “Eldorado””. A procura pela truta difícil nos lugares difíceis, nos lugares desconhecidos, perder-me para me encontrar. Desta vez começou com uma proposta do meu companheiro truteiro Hermínio, conhecedor da Madeira, dos seus cursos de água, dos caminhos das levadas e um explorador por excelência.
– João – diz ele – temos de ir ao Alecrim para ver se aquilo tem escamas!
– Ao Alecrim?? – contraponho – aquilo tem caminho para lá???
– Tem uma levada que lá passa, temos de pesquisar da levada para cima.
– Certo, fica combinado – remato embora com algumas reservas…esperava-me de certo uma boa caminhada até ao sitio e uma pior ribeiro acima depois, tinha quase a certeza disso…não me enganava muito…
Como em todas as primeiras vezes, a curiosidade move-nos com afinco, e desta vez não foi diferente…não conseguia tirar aquilo da cabeça. Hoje foi o dia que ficou combinado e lá nos fizemos ao asfalto. O dia estava bom e prometia. A estrada fez-se em amena cavaqueira, como sempre, sempre junto ao mar que com o sol matinal se apresentava de maneira soberba! Mesmo a pedir uma cacholada…mas não era a isso que vinha-mos e lá chegou o cruzamento do afastamento, começamos a subir, muito. Eles aqui na madeira gostam de poupar na estrada e fazem-nas estradas a direito, principalmente a subir para ficar-mos impressionados com o feito…enfim após uma interminavel escalada a quatro rodas, lá chegamos ao destino…que é como quem diz, ao ponto de começo da caminhada. E lá nos fizemos à levada.
A levada seguia em curva e contra curva, como que a aliciar-nos para um fim que tardava a chegar. Um dos ribeiros corria abaixo de nós…bem abaixo, uns 200 ou mais metros, e sítios havia que não eram para os mais impressionáveis…felizmente essa parte acabou numa curva que finalmente chegou e um buraco apareceu diante de nós…é por aqui disse ele…lanternas para fora e siga para a próxima curva…
A água corria alegremente dentro da levada… e nalguns pontos fora dela também…
Finalmente como tinha começado assim acabou o túnel…e o objectivo apresentava-se mais perto…a levada continuava relativamente estreita e perigosa, nesta parte a maquina ficou guardada e os olhos eram todos para o chão…estava perto de me borrar todo. Mas não era para me borrar que tinha vindo, outra coisa fazia o chamamento. E entre levadas, alturas, e pensamentos em queda livre lá se chegou à mãe da levada, a partir dali era só ribeira…e quem sabe trutas…
Preparamos o material enquanto comentávamos parvoíces…daquelas que só os rapazotes comentam…e pronto, os pescadores também. Começámos. As poças iam-se apresentando relativamente fáceis de atingir, estranhei. Fomos lançando à vez, e as pequenas começaram a dar sinais de querer qualquer coisa…mas não ficavam. E nós fomos andando sempre para a próxima poça.
E numa delas uma maiorzinha sorriu ao Hermínio, foi uma satisfação, vinhamos no rasto e conseguimos dar com os animais.
O ambiente à medida que entravamos vale a dentro tornava-se cada vez mais apertado, exigindo alguma escalada pelo meio…e por vezes já parecíamos mais o Bear Grills, e não uns simples truteiros em busca do paraíso…e o paraíso ia também ele chegando depois de cada escalada e preparando-nos para a próxima…
E por entre poças, abismos, e laurissilva, iam também as trutas fazendo parte da aventura perdendo-se também elas para nos ajudar a encontrar-nos.
E a hora da despedida chegou, vem sempre mais depressa que a hora da chegada, vai-se lá saber por quê. Estava na hora de atravessar a ponte que nos levaria de volta à realidade
Não sem antes sermos presenteados com mais uma benesse…um novo caminho que se tinha iluminado para uma próxima aventura. Teria também ele luz ao fundo?
Iríamos saber de certo, pois está no nosso ser descobrirmos. E com esse pensamento envolvemo-nos no nevoeiro que então caíra e iniciamos o caminho de volta.
Material:
Redington Tempt 7’6” #3
Redington Drift #2/3
Rio Mainstream Wf#3
Furled leader
Tippet Rio x5
Ninfa cauda de faisão com dubbing UV #12