por Carlos Verde» 25 dez 2017, 13:24
6:25h. Como é hábito acordo 5 min. antes do toque do despertador. Desligo-o e, ao contrário do que é habitual, deixo-me ficar na cama. O facto de na última semana ter uma média de 3 horas de sono por dia (fruto de uma quantidade absurda de trabalho) e o peso de mais de um mês sem sucesso na pesca fizeram com que decidisse que precisava de descansar mais um pouco. Voltei a acordar às 8h e saio para o mar. Cheio de vontade mas sem expectativas – já estou calejado na arte de nada apanhar e a planificação para o dia tinha ido por água abaixo pela preguiça matinal. A ideia era acompanhar a descida da maré, surpreendendo algum robalo que andasse a emboscar. Decidi visitar o local que tinha pensado e, como era de esperar, já não tinha água suficiente. Volto ao carro e visito mais um pesqueiro que não me agradou até decidir ir para um local do qual tenho boas memórias antigas!
Chegado ao local noto que o mar arrastava bastante, com enchios pronunciados, andei cerca de 50 metros e encontro um local em que o mar trabalhava bem mas sem exageros. “Começo por aqui, e logo se vê!” Três lançamentos e sinto um toque, tento engatar e sinto um peso morto… Por uns segundos vieram-me à memória os quilos de jacintos de rio que tirei do mar na semana passada mas essa imagem rapidamente desapareceu ao sentir luta do outro lado da linha. Não era robalo, claramente – estou desabituado mas não se esquece a forma como o robalo reage – e isto não era robalo. A luta durou uns segundos e logo parou voltando ao estado de peso morto, prontamente arrastado para fora de água.
Era um bonito budião. Fiquei contentíssimo. Não era robalo mas era peixe e, melhor ainda, um peixe que a minha namorada gosta imenso! O meu primeiro budião com artificiais! Peixe no saco, sorriso no rosto e vinil novamente na água. Após mais alguns lançamentos reparo num caneiro que se começava a mostrar e decido explorar ambos os lados. Ao segundo lançamento sinto um toque, bem mais forte. Não havia dúvida, era robalo – um bom robalo, aparentemente! Puxei com calma, desviei-o das rochas e precisei de aproveitar a ondulação para o encostar à pedra. Um pouco de malabarismo e lá consigo descer para ir ter com ele.
Devo ter engolido 15 metros cúbicos de ar, tal era o meu sorriso! As saudades de tirar peixe eram grandes e o dia não podia estar a correr melhor! Com a pesca feita, e depois de mais uns lançamentos infrutíferos, dou por terminada a jornada!
Infelizmente, para grande pena minha, não tive forma de pesar mas o robalo acusou uns bonitos 48cm e o budião 30cm. Depois de arranjados encontramos um estômago completamente vazio no budião e um peixe em avançado estado de digestão no robalo. Estavam deliciosos e acabamos a provar fígado de robalo. Costumam comer? É surpreendentemente bom – um sabor a marisco levemente fumado com a textura de um bom patê – muito cremoso!
Ficha técnica:
Cana: Yokozuna Ryoshi Black Spin 3.6
Carreto: Okuma Epixor EF-40
Linha: Sufix Spargo 0.30
Amostra: Black Minnow 120 com cabeçote de 25g